sexta-feira, 17 de julho de 2009

BAPTISTE LOUIS GARNIER * * * * * * * * Um editor de Machado de Assis

Baptiste Louis Garnier chega ao Rio de Janeiro em meados da década de 1840, estabelecendo na rua do Ouvidor uma filial da livraria que ele e seu irmão, Hypollite Garnier, tinham em Paris. A princípio, a loja vendia produtos importados da França, como bengalas e charutos, perfumes e até remédios. Com o tempo, os livros foram se tornando o carro-chefe da casa e Garnier resolve mandar traduzir obras francesas, que ele faz imprimir no Brasil, na tipografia de Charles Berry. Em 1873, adquire um parque gráfico e funda com o amigo a Impressora Franco-Americana. A partir de 1859, passa a publicar a Revista Popular e, com o desaparecimento desta, edita o Jornal das Famílias, que teria longa vida.

Conta-se que B. L. Garnier era um sujeito ativo, mas muito resmungão e, principalmente, sovina. Ao receber sua correspondência, a primeira coisa que fazia era olhar o selo; às vezes, eles encontravam-se sem carimbo e, dessa forma, poderiam ser utilizados novamente. Mas mesmo que os selos estivessem carimbados, Garnier guardava-os para os vender a colecionadores de Paris. Nunca freqüentou teatros e, se ia a restaurantes, era seu costume, ao fim das refeições, raspar o prato com um pedaço de pão, a fim de aproveitar todo o resto do molho. Era trabalhador, abrindo sua livraria sempre às cinco horas da manhã. De sua escrivaninha, vigiava tudo e jamais permitiu a seus funcionários utilizarem fósforos de cera, com receio de incêndios. Durante muitos anos, foi o fornecedor oficial de livros do imperador, que fez dele Comendador da Ordem da Rosa. Morreu em 1893, deixando imensa fortuna de quase sete mil contos para seu irmão. Por causa das iniciais de seu nome, B. L. Garnier era chamado pelos amigos de “bom ladrão”.