terça-feira, 14 de julho de 2009

ENTRE CONCURSOS LITERÁRIOS

Machado de Assis já havia lançado três livros de versos, mas continuava um poeta pouco popular, bem distante da intimidade que havia, por exemplo, entre Gonçalves Dias e o público. Prova disso, foi o resultado de um plebiscito organizado pelo jornal de Valentim Magalhães. Em 1885, A Semana lançou a idéia para se escolher o melhor poeta do Brasil. Para votar, bastava que o indivíduo escrevesse num pedaço de papel o nome desejado e depositasse seu voto numa urna, que ficava na sede do jornal. Durante algum tempo, recolheram-se as cédulas; inúmeros poetas foram lembrados, sobretudo os já falecidos. Dentre os vivos, apenas Luís Delfino teve boa votação. O resultado final indicou o nome de Gonçalves Dias como o grande vencedor, tendo recebido cento e quarenta e seis votos. Em segundo lugar ficara Castro Alves, com cento e oito. E Machado de Assis? Bem, o autor das Crisálidas não recebeu nenhum voto...

Joaquim Maria ainda participaria de um outro concurso literário neste ano, dessa vez como jurado. Em maio de 1885, falecera o grande escritor Victor Hugo, considerado por muitos como o maior homem de letras do século. O seu óbito teve ampla repercussão na imprensa carioca e o jornal A Semana, para homenagear o escritor, resolveu lançar um concurso de sonetos em sua memória. O vencedor ganharia uma coleção de livros do autor, luxuosamente encadernada. Parece que o concurso não teve grande divulgação, pois apenas quarenta e cinco sonetos foram inscritos. Além de Machado de Assis, o corpo de jurados era formado por mais duas pessoas: Lúcio de Mendonça e a escritora Adelina Lopes Vieira, que era cunhada de Filinto de Almeida, um dos diretores de A Semana. Ao cabo do julgamento, venceu o soneto de número trinta e dois, coincidentemente, escrito pelo próprio dono do jornal, Valentim Magalhães!

A experiência de Machado de Assis como jurado de concursos literários não terminaria por aí. Três anos depois, novamente ele exerceria tal função num concurso promovido pelo jornal Novidades. Dessa vez, o vencedor seria aquele que melhor traduzisse dois sonetos do poeta francês José Maria de Heredia. Nessa ocasião, também foram jurados o poeta Luís Murat e o companheiro de repartição de Joaquim Maria, Artur Azevedo. O concurso foi vencido por Mário de Alencar, jovem de apenas dezessete anos, filho de José de Alencar, e que se tornaria um dos grandes amigos de Machado de Assis.

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