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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Carolina (1)

No dia 18 de junho de 1868, desembarcava em terras brasileiras Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã caçula do poeta satírico Faustino Xavier de Novais. Quem nos informa é Luiz Viana Filho, que encontrou o nome dela entre os passageiros do navio Estrémadure. Curiosamente, nenhum familiar de Carolina lhe acompanhou durante a viagem e ela veio para o Brasil na companhia do pianista Artur Napoleão, antigo vizinho dos Novais na cidade do Porto. Por muito tempo, acreditou-se que Carolina teria embarcado com destino ao Rio de Janeiro apenas para servir como enfermeira a seu irmão Faustino, que a cada dia piorava de sua doença, apresentando momentos de lucidez intercalados à loucura.

Segundo a tradição, Carolina veio ao Brasil após a morte de sua mãe e também foi se hospedar na casa de dona Rita de Cássia Calasans Rodrigues, senhora já sessentona, filha da Baronesa de Taquari, dona Maria da Conceição Calasans Rodrigues, morta dois anos antes e que já havia acolhido Faustino, tendo sido para ele como uma segunda mãe. Da mesma forma que em sua casa no Porto, que era freqüentada por literatos como Camilo Castelo Branco, Gonçalves Crespo e Guerra Junqueiro, também a residência de dona Rita de Cássia, situada no Rio Comprido, costumava abrir suas portas para a realização de tertúlias e muitos biógrafos de Machado de Assis afirmam que foi aí que o escritor conheceu sua futura esposa. Sem descartar esta hipótese, indicarei em breve uma outra possibilidade, endossado pelas palavras do próprio Machado de Assis.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

FAUSTINO XAVIER DE NOVAIS (3)



     Na residência da Baronesa de Taquari, Faustino fez amizade com muitos intelectuais do tempo, pois aí se costumava realizar um dos melhores salões lítero-musicais do Rio de Janeiro. A idéia de Faustino era enriquecer no Brasil e, novamente com a ajuda de Rodrigo Pereira Felício, abre uma casa comercial na rua Direita, n. 66, onde se vendia um pouco de tudo, desde livros e artigos de papelaria até perfumes e charutos. Faustino tinha barba passa-piolho, que foi a primeira barba do romantismo (somente no tempo da Guerra do Paraguai é que apareceram os cavanhaques e as suíças). Um de seus passatempos preferidos era tocar flauta. Poeta sem grande talento, mas hábil versejador, Faustino deixou algumas poesias que se tornaram populares, como esta que ele escreveu num álbum:


“Num álbum escrever é negra empresa,
De que o vate jamais sai triunfante.
Se é no canto singelo, - é ignorante,
Se é pomposo, - renega a natureza.

Se não cita ninguém mostra pobreza,
Se faz mil citações é um pedante;
Se é pródigo em louvor, - repugnante,
Se não louva, - não tem delicadeza.

Se dá cantos de amor, - é um baboso,
Se em prosa escreve só, - quer ser rogado,
Se escreve prosa e verso, - é orgulhoso.

Se enche muito papel, - é um desalmado,
Se breve assunto escolhe, - é preguiçoso,
Se recusa escrever, - é um malcriado.”